A Origem do HIP-HOP
"O movimento cultural Hip-Hop, desde seu início, apresenta um vínculo inegável com a cultura africana e pode ser considerado uma manifestação mais recente de uma expressividade negra na qual o sujeito se representa e é representado no mundo social. Para que uma cultura possa permanecer popular, ela deve estar em constante mudança para que dê conta de acompanhar as oscilações das representações e dos signos presentes na sociedade.
As habilidades verbais, corporais, estéticas e semióticas, representadas pelas quatro vertentes do movimento (MC, break dancing, graffiti e DJ), fazem parte de uma tradição duradoura de fenômenos culturais e históricos que em sua obra The Africanist aesthetic in global hip-hop: Power moves, de 2007, a arte-educadora estadunidense Halifu Osumare denomina “estética africanista”. Essa estética africanista seria o que possibilita ao Hip-Hop a continuar sendo uma cultura popular graças à sua flexibilidade e adaptabilidade. Para Osumare (2007), há quatro articuladores sociais que explicam o nível global do Hip-Hop: cultura, classe, opressão histórica e rebelião juvenil.
A cultura age somente onde a estética africanista já se mostra ativa e predominante; a classe torna-se possível por meio do espaço que o Hip-Hop proporciona para jovens marginalizados em todo o mundo expressarem seus descontentamentos; a opressão histórica dá-se a partir da identificação de diversos jovens pertencentes a etnias estereotipadas, marginalizadas e oprimidas, com as narrativas de outras pessoas também marginalizadas e oprimidas; e a rebelião juvenil, que possui maior abrangência, atinge um sentimento universal de revolta contra regras impostas pelos adultos e as classes opressoras.
A juventude pode ser entendida, nesse contexto, não apenas em seu sentido mais óbvio, mas também como qualquer força rebelde que queira romper com uma regra ou um sistema social imposto.
A juventude é o tempo de subversão." Os parágrafos aqui expostos foram retirados diretamente do meu Livro-Reportagem "Identidade Hip-Hop - Vozes que Verbalizam a Revolução".


O Hip-hop nasceu mais precisamente nas quebradas do Bronx em Nova York, na década de 1970. A fim de direcionar e conscientizar uma população desassistida pelo Estado através da arte, com o objetivo de promover a união de seus iguais, uma vez que as principais causas de mortes entre jovens negros e periféricos (depois do racismo) era a guerra e violência entre gangues em disputas territoriais.

Foram nessas condições que o Dj Afrika Bambaata idealizou o movimento Hip-Hop que conhecemos hoje e o inseriu na cultura das gangues, a fim de dar voz a quem nunca foi ouvido e o poder da conscientização e pertencimento para que vidas fossem transformadas por meio da arte legitima dos guetos.
Porém isso tudo só foi possível com o nascimento
de um senso de coletividade que o próprio movimento incentivou nas quebradas de NY, todos unidos por uma única causa: a legitimidade de suas próprias existências.

Com a intenção de conter os conflitos nas ruas, os jovens resolveram criar disputas dentro dos bailes, por meio da dança com o break, e desenvolver o grafite como forma de arte ao invés de usa-lá para marcar território. As gangues transformaram-se em grupos de dança e grafitagem, e as disputas entre elas foram se transformando em função disso. Todas as vertentes apoiada naquela que dizem ser a 5o e mais importante que sustenta a responsabilidade do movimento^ O conhecimento.

Foi somente na virada do milénio que o Hip-Hop, de um modo geral, ajudou a elevar de forma considerável os debates sociais necessários para uma conscientização maior da realidade periférica, com todas suas vertentes artísticas se consolidando como cultura e estilo de vida.
Por: Isabela Miranda.
Via: @liricamaginal.